Desinteresse da Embraer leva TRT a cancelar audiência sobre demissões

A audiência de conciliação que iria buscar uma alternativa para as 2.500 demissões realizadas no ano passado pela Embraer foi cancelada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – 15ª Região. O motivo alegado foi o “manifesto desinteresse” da Embraer na tentativa de conciliação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

Sem a audiência, que ainda não tinha data marcada, o caso vai direto para julgamento de dissídio coletivo. A determinação é do vice-presidente do TRT, Francisco Giordani, publicada nesta terça-feira (30).

O processo em questão foi movido pelo Sindicato contra a Embraer e pede a anulação das demissões anunciadas em setembro de 2020.

Como forma de preservar os empregos, o Sindicato propôs a redução dos supersalários pagos a alguns executivos da Embraer, que chegam a R$ 2 milhões. Essa medida permitiria a manutenção dos 2.500 postos de trabalho fechados pela empresa.

Em medida recente, o próprio Papa Francisco determinou o corte nos salários de cardeais e outros clérigos para evitar demissões de funcionários.

“A falta de interesse da Embraer em participar da audiência de conciliação ressalta ainda mais a postura autoritária e irresponsável da empresa. Nem mesmo o crescente desemprego que assola o país é capaz de fazer com que a Embraer assuma sua responsabilidade social e reintegre os trabalhadores”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.

Sem diálogo
Mesmo fora dos tribunais, a empresa já deixou claro que não tem qualquer interesse em dialogar com o Sindicato. Desde setembro do ano passado, a entidade tenta agendar reuniões com a Embraer para negociar questões referentes a home office, Campanha Salarial, licença remunerada e as condições sanitárias dos trabalhadores em meio a pandemia. Todos os pedidos de negociação foram rejeitados.