Queiroz é preso na casa de advogado da família Bolsonaro

Fabricio Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (18), na cidade de Atibaia (SP). Escondido há mais de dois anos, Queiroz foi encontrado em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, um dos advogados da família Bolsonaro. 

A operação, que recebeu o nome de Anjo, é fruto da ação conjunta dos Ministérios Públicos (MP) do Rio de Janeiro e São Paulo. Também foram realizadas ações de busca e apreensão em outros locais, incluindo um imóvel do presidente Jair Bolsonaro, na zona norte da capital fluminense.

Queiroz foi levado para o Palácio da Polícia, no centro de São Paulo, e depois transferido para o Rio.

Rachadinha
Ex-policial militar e amigo de longa data da família Bolsonaro, Queiroz é suspeito de comandar o esquema conhecido por “rachadinha” durante o mandato de Flávio como deputado estadual, entre 2003 e 2019. 

No golpe, servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) devolveriam parte de seus salários ao filho do presidente. Segundo relatório do Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Queiroz teria movimentado R$ 1,2 milhão, somente entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Uma das movimentações foi um cheque no valor de R$ 24 mil depositado na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro. Em defesa da esposa, Jair Bolsonaro assumiu que o dinheiro era para ele e que se tratava da devolução de um empréstimo a Queiroz. 

“É necessário investigar a fundo a relação de toda família Bolsonaro com o crime organizado no Rio de Janeiro. Já existem provas suficientes. Agora, mais do que nunca, também é preciso exigir o fora Bolsonaro e Mourão e acabar de vez com este governo que castiga o brasileiro”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Dinheiro do crime
Flávio Bolsonaro tentou barrar as investigações na Justiça por diversas vezes. O motivo de tanta preocupação estaria na possível ligação do filho do presidente com as milícias cariocas.

Para os investigadores, Flávio comandou uma organização criminosa que lavava dinheiro em uma loja de chocolate em que ele é sócio. A polícia também suspeita de que parte da quantia arrecadada era utilizada para financiar a milícia encabeçada por Adriano da Nóbrega, assassinado em fevereiro. 

Raimunda Veras Magalhães e Danielle, respectivamente mãe e ex-mulher de Adriano, eram funcionárias de Flavio. Os salários das duas na Alerj somaram, ao todo, R$ 1.029.042,48, dos quais pelo menos R$ 203.002,57 foram repassados direta ou indiretamente para a conta bancária de Queiroz, segundo investigações do MP.

Fora Bolsonaro e Mourão
A notícia da prisão de Queiroz cai como mais uma bomba na gestão de Jair Bolsonaro, que nunca escondeu sua proximidade com o suspeito. Nesta quinta, Bolsonaro sequer parou para conversar com seus apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, como faz de costume.