Assembleia Legislativa

Alvo de críticas em audiência, GM foge de debate contra demissões

Ao final, decidiu-se pela criação de uma comissão para intervir pelo cancelamento das demissões


A demissão em massa realizada pela General Motors foi duramente criticada durante a audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na última quarta-feira, dia 19. Embora tenha sido convidada a participar, a GM preferiu, mais uma vez, fugir do debate e não enviar representantes.

Como resultado da audiência, ficou decidido que será formada uma comissão de deputados para entrar em contato com a GM e intervir pelo cancelamento das demissões. O presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, também reivindicou uma reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Assim como a GM, a prefeitura de São José dos Campos não enviou representantes, apesar de ter sido convidada. A base do Vale do Paraíba foi representada por dois deputados: Padre Afonso Lobato (PV) e Hélio Nishimoto (PSDB).

A ausência da GM na Assembleia Legislativa reforçou o descaso com que a montadora está tratando os trabalhadores. Mesmo depois de ter demitido 798 pais e mães de família, a empresa se negou a dialogar com a população e com os próprios demitidos, presentes na audiência.

“Quero lamentar a ausência da GM, que foi convidada, e poderia usar este espaço para dar explicações. Assim como demitiu covardemente quase 800 trabalhadores, mais uma vez foge do debate, de uma discussão crucial para o país. Não podemos nos conformar com as demissões. Em São José dos Campos, se produz a caminhonete S10, que custa R$ 105 mil. Este valor é quanto ganham dois operários em um ano. Ela está perdendo dinheiro? É claro que não. Não estamos trabalhando com uma empresa falida, em crise”, disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, membro da CSP-Conlutas.

Além de criticar as demissões na GM, dirigentes sindicais e deputados também se manifestaram contrários à liberação de crédito para montadoras, anunciada esta semana pelo governo Dilma. “Estamos perplexos com a liberação de recursos para a indústria automobilística”, afirmou o deputado Carlos Giannazi (PSOL), que presidiu a mesa. E completou: “É comum os governos socorrerem empresas, bancos e o agronegócio, mas não socorrem os trabalhadores”.

A Caixa Econômica Federal vai liberar R$ 5 bilhões para fornecedores de montadoras, com juros mais baixos e prazos estendidos. O Banco do Brasil também vai garantir dinheiro para os patrões, num total de R$ 3,1 bilhões para montadoras e autopeças.

Reforçando a crítica à liberação de mais créditos para a indústria, Macapá lembrou que o setor automotivo já recebeu mais de R$ 12 bilhões em incentivos do governo Dilma e, mesmo assim, fechou milhares de postos de trabalho.

“A GM não passa por nenhuma dificuldade financeira. A multinacional teve um crescimento de 302% nos lucros, nos últimos três meses. O que a empresa busca com as demissões é aumentar a margem de lucros. Ela aproveita a queda nas vendas para um processo de reestruturação. As demissões são parte de uma realidade de quem trabalha na indústria automobilística. Todas as montadoras fizeram demissões no período que receberam benefícios”, afirmou Macapá.

Para o deputado padre Afonso Lobato, as demissões são um crime contra o trabalhador. “Temos acompanhado com grande preocupação. Quem está pagando a crise são os trabalhadores, os pobres, os doentes. O capital não pode prevalecer sobre o trabalho. É desumano, é um crime o que está sendo feito com o trabalhador”, disse.

O ex-presidente do Sindicato, Toninho Ferreira, também ocupou a mesa da audiência. Ele destacou a necessidade de se estender a luta dos metalúrgicos de São José dos Campos para outras montadoras e reivindicou que fosse formada uma comissão de deputados para buscar uma reunião com a GM e com o governador Geraldo Alckmin.

A reivindicação foi aceita pelo deputado Carlos Giannazi, que se comprometeu a promover a formação da comissão. Todo o conteúdo da audiência será enviado à presidente Dilma e ao governador Alckmin.

Manifestação dos trabalhadores
Na galeria do Auditório Teotônio Vilela, trabalhadores demitidos pela GM exibiam faixas em defesa do emprego e exigindo estabilidade no emprego. Mas eles não ficaram simplesmente assistindo ao debate. Houve também aqueles que usaram o microfone para mostrar sua indignação diante da atitude da GM.

O metalúrgico João Carlos de Lima contou que, no sábado, dia 8, véspera do Dia dos Pais, acordou com o carteiro batendo no portão. Ele estava trazendo o telegrama com o aviso de demissão. “Entrei em choque. Não sabia o que fazer. Eu era um funcionário exemplar. Queria estar trabalhando. Queria que a GM chamasse o sindicato para negociar. Só quero voltar ao meu trabalho”, contou.

Outro trabalhador, com 25 anos de GM, também mostrou toda sua indignação: “Fui um dos melhores da fábrica. Ninguém esperava o telegrama. Pelo menos chega e conversa, não manda embora por telegrama. Eu estava lá todo dia trabalhando, dando o sangue pra fábrica. A gente é trabalhador e quer o emprego de volta. Nós vamos até o final com essa greve. Se perder, pelo menos sai de cabeça erguida. Não há vitória sem luta”.

Os trabalhadores da GM estão em greve desde o dia 10 e reivindicam abertura de negociação e cancelamento das demissões.


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