Documentário retrata trabalho massacrante em frigoríficos
Setor é o que tem um dos maiores índices de trabalhadores lesionados e com depressão
Oito horas de movimentos repetitivos em ritmo acelerado, alimentando uma esteira com carne desossada. Trabalhadores constantemente expostos a facas, serras e outros objetos cortantes, sob forte pressão psicológica, jornadas de trabalho exaustivas, em um ambiente asfixiante e muito, muito frio.
Este é o assustador ambiente de trabalho encontrado pela ONG Repórter Brasil ao longo dos dois anos em que percorreu frigoríficos da região sul e centro-oeste do país, na gravação do documentário “Carne, Osso”.
Com depoimentos de trabalhadores e imagens impactantes, o filme denuncia uma realidade de trabalho massacrante e repleta de descumprimentos à legislação trabalhista.
No trabalho em frigoríficos, são comuns os cortes profundos provocados pelo manuseio de lâminas afiadas. O índice de trabalhadores lesionados é alto, o risco é 743% superior ao de qualquer outro tipo de trabalho, e o índice de depressão entre os funcionários é três vezes maior que o da média da população brasileira.
Os funcionários de frigorífico conhecem o médico local pelo nome de "Doutor Diclofenaco", uma referência ao remédio receitado invariavelmente a quem se queixa de dor. “Precisava dormir com a mão amarrada na cama de tanta dor que sentia”, relata uma ex-trabalhadora do setor, impossibilitada de trabalhar.
“A gente começou desossando três coxas e meia. Depois, nos 11 anos que fiquei lá, cada vez eles exigiam mais. Quando saí, eu já desossava sete coxas por minuto. Quanto mais fazia, mais eles exigiam”, conta Valdirene Gonçalves, outra ex-funcionária de frigorífico.
Vale a pena conferir o documentário de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros, exibido pela Globo News no último domingo, dia 5. Clique na imagem abaixo para assistir.
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