Metalúrgicos da Caoa Chery aprovam layoff condicionado à garantia de direitos

Os metalúrgicos da Caoa Chery, em Jacareí, aprovaram em assembleia, nesta sexta-feira (25), a proposta apresentada pela montadora para adoção de layoff na fábrica. A aprovação, entretanto, está condicionada à aceitação da empresa ao pagamento do 13º salário aos trabalhadores que tiverem o contrato temporariamente suspenso.

A proposta da Caoa Chery prevê 52 dias de layoff, podendo ser encerrado ou estendido de acordo com a situação do mercado, 60 dias de estabilidade durante e após a volta ao trabalho e o pagamento de 100% do salário líquido.

O início do programa está previsto para março e deve atingir 450 trabalhadores. A fábrica possui cerca de 700 funcionários.

Segundo a montadora, o motivo do layoff seria a falta de semicondutores no mercado, que impactaria diretamente a produção de veículos na unidade. A Caoa Chery usa materiais vindos da China.

Nas negociações com a empresa, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, reivindicou a garantia de estabilidade no emprego para os operários durante e após o layoff e a manutenção de todos os direitos.

Em 2021, a montadora bateu recordes de vendas, com crescimento de 97%, enquanto o mercado brasileiro de automóveis cresceu apenas 3%. Esse cenário demonstra que a empresa tem condições de manter os empregos e direitos.

“A adoção do layoff tem de, obrigatoriamente, vir acompanhada da garantia de direitos e empregos. Os metalúrgicos da Caoa Chery mostraram, na assembleia, que têm consciência de sua força para lutar”, afirma o diretor do Sindicato Anderson Elias Xavier.

A crise dos semicondutores também já levou à abertura de layoff na General Motors, em São José dos Campos, encerrado em janeiro.

“Os metalúrgicos da GM e da Chery têm importante histórico de luta, inclusive em momentos de crise. Os trabalhadores não podem pagar pela falta de peças no mercado”, afirma o diretor do Sindicato Guirá Borba Guimarães.