CONTRA O SUCATEAMENTO

Peritos do INSS cruzam os braços por aumento de salário e de efetivo

Segundo associação, faltam três mil médicos para dar conta das perícias


Os médicos peritos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estão realizando uma paralisação nacional nesta terça (8) e quarta-feira (9). Cansados da falta de investimentos do governo no setor e sem o efetivo necessário para dar conta do trabalho, os peritos exigem, entre outras reivindicações, reajuste de salário e realização de concurso público.

Segundo a ANMP (Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais), que representa cinco mil servidores, o déficit atual no INSS é de três mil profissionais dessa área. Em vez de investir no instituto, o governo de Jair Bolsonaro não cansa de se omitir e de fazer justamente o contrário. O INSS foi um dos setores mais afetados pelo corte de gastos do Orçamento 2022, com redução de R$ 988 milhões em investimentos.

Com isso, milhões de segurados brasileiros devem ser prejudicados e podem não conseguir benefícios como o auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e BPC (Benefício de Prestação Continuada). Há, inclusive, a possibilidade de fechamento de agências por falta de dinheiro.

Descaso constante
Além do aumento no efetivo, os peritos exigem reajuste salarial de 19,99%. O índice é referente às perdas inflacionárias entre 2019 e 2022. Dentre as 18 reivindicações, estão ainda a fixação de um número máximo de 12 atendimentos periciais por dia e a readequação das agências da Previdência Social, que funcionam em condições sanitárias inadequadas em plena pandemia.

De acordo com a ANMP, as negociações com a Administração são frustradas há quase dois anos. Caso não haja resposta aos ofícios enviados pela entidade ao Ministério do Trabalho e Previdência, poderá ocorrer uma greve geral por tempo indeterminado.

“Os peritos médicos federais não possuem mais disposição para suportar ameaças, ataques e retrocessos, e os segurados da Previdência Social não podem ser prejudicados pela intransigência do governo”, afirma a associação em nota.

No dia 31, a categoria já havia paralisado as atividades. Agora, a principal demanda é marcar uma reunião presencial com o ministro Onyx Lorenzoni, para dar um basta ao descaso do governo com o povo e com os servidores da perícia.

Reforma administrativa
O desmonte dos serviços públicos está nos planos do governo Bolsonaro, com a reforma administrativa (PEC 32). Entre as várias mudanças previstas está o fim dos concursos públicos e sua substituição por processos seletivos para contratos temporários e precarizados.

Outro item dispõe sobre a terceirização de serviços públicos por meio de sistemas de cooperação. Essa medida abriria caminho para o fim do atendimento gratuito à população, mesmo em relação a direitos básicos como saúde (SUS) e educação pública.

“Essa não é a única categoria de servidores federais insatisfeita com o governo Bolsonaro. Ele teve a audácia de cortar gastos de vários setores, mas reservou R$ 1,7 bilhão do Orçamento para aumentar apenas os salários dos policiais federais, numa campanha eleitoreira suja e desesperada. O sucateamento do funcionalismo público faz parte do plano de Bolsonaro para afundar ainda mais o país”, explica o secretário-geral do Sindicato, Renato Almeida.


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