Coronavírus

Governo Bolsonaro tem quase 10 milhões de testes parados para covid-19

Os exames são do tipo RT-PCR e não foram distribuídos até agora devido a falta dos insumos usados em laboratório para processar as amostras dos pacientes

31/07/2020 13:03

Quase seis meses após decretar estado de emergência pela covid-19, o Ministério da Saúde ainda possui estocado 9,85 milhões de testes para detectar o novo coronavírus. Enquanto isso, o Brasil segue como um dos países que menos testa sua população e um dos mais impactados pela doença, com mais de 90 mil mortos e 2,5 milhões de pessoas contaminadas.

Os exames são do tipo RT-PCR e não foram distribuídos até agora devido a falta dos insumos usados em laboratório para processar as amostras dos pacientes. Sem os reagentes necessários, é impossível detectar a presença do vírus.

As informações e os dados, revelados nesta quarta-feira (30) pelo jornal Estado de São Paulo, escancaram a falta de planejamento e gestão do presidente e do Ministério da Saúde, comandado por um militar desde o dia 15 de junho.

Segundo o governo, o Brasil realizou 2,3 milhões de testes do tipo RT-PCR para a covid-19, sendo 1,4 milhão na rede pública e 943 mil, na privada. O Chile, que tem dez vezes menos mortes, já testou quatro vezes mais.

Risco
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda realizar de 10 a 30 testes por cada caso confirmado. No Brasil, essa proporção é de um teste do tipo PCR por caso confirmado. Uma pessoa contaminada por covid-19, segundo o CDC (Center for Disease Control and Prevention), o principal instituto nacional de saúde pública dos Estados Unidos, pode levar o vírus para até seis pessoas mesmo sem apresentar os sintomas.

“Hoje, famílias estão enterrando entes queridos sem poder se despedir por suspeita de contaminação por coronavírus. Como não há testes para todos, estão selecionando quem deve passar pelo exame e quem não deve, isso é um absurdo. Temos condições de oferecer teste em massa e a prova são esses milhares de exames encalhados nas mãos do presidente”, disse Weller Gonçalves, presidente do Sindicato.