População negra e pobre é a mais afetada pela covid-19

A pandemia do coronavírus está castigando duramente a população mais vulnerável da cidade de São Paulo. Um estudo mostrou que negros e moradores dos bairros mais pobres do município estão sob maior risco de contrair a covid-19. 

A pesquisa foi feita pelo Grupo Fleury, Instituto Semeia, Ibope Inteligência e Todos pela Saúde.  Os dados apontam que nos bairros mais pobres da capital paulista a contaminação pelo coronavírus chega a ser 2,5 vezes maior do que em bairros ricos. Enquanto nas localidades mais abastadas o percentual de pessoas infectadas é de 6,5%, em bairros onde a pobreza é maior a taxa chega a 16%.

O estudo também indica que a população negra é mais atingida pela pandemia. Entre os brancos, 7,9% atestaram positivo para a covid-19. Já entre os negros, o índice foi de 19,7%. 

“Essas pessoas estão muito mais expostas ao coronavírus, porque têm de trabalhar, enfrentar transporte coletivo e muitas vezes não têm nem mesmo acesso a produtos para higienização. Isso as torna mais vulneráveis”, afirma a diretora do Sindicato Isabel Cristina Oriolli.

Descaso do poder público
As ações do governo Bolsonaro têm sido insuficientes para combater o avanço da covid-19 no Brasil e suas consequências para a classe trabalhadora. 

Até agora, o que se viu por parte do presidente foram discursos que minimizam os riscos da doença, incentivo ao fim do isolamento social e a concessão de auxílio emergencial insuficiente para garantir a subsistência das famílias.

Em São Paulo, o governador João Dória (PSDB) cedeu à pressão de empresários e decidiu flexibilizar a quarentena no início de junho, apesar do alto número de contágio e mortes no estado naquele período. 

“Isso é o resultado da grande desigualdade social presente em nosso país. Enquanto os ricos podem ser prevenir e manter o isolamento social, o trabalhador tem de se arriscar para garantir o seu sustento. Nossa bandeira é pela quarentena geral”, conclui Isabel.