Campanha

Ato pela reestatização da Embraer faz chamado à luta unitária

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O lançamento da campanha “Uma Embraer para os brasileiros. Reestatização, já”, nessa quarta-feira (27), foi um grande chamado para a luta pela retomada da empresa em direção dos interesses do país e da população. O ato virtual, transmitido ao vivo por redes sociais, foi organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

Dirigentes sindicais, políticos e estudiosos apresentaram diferentes argumentos, mas todos com um ponto em comum: para manter a Embraer a serviço do Brasil e dos brasileiros, o único caminho é torná-la novamente 100% estatal.

A campanha pela reestatização acontece pouco depois da desistência da compra da Embraer pela Boeing. O episódio deixou claro que manter a empresa nas mãos de capital privado coloca em risco parte da soberania do país, empregos e décadas de conhecimento.

Foi neste cenário que o Sindicato decidiu lançar a campanha pela reestatização.

O diretor do Sindicato Herbert Claros, que apresentou o ato, ressaltou que a crise vivida hoje pela Embraer não é apenas em razão da pandemia que atingiu toda a indústria de aviação. A crise nasceu no momento em que a diretoria da empresa decidiu aceitar a proposta de compra da Boeing.

“O processo de venda deixou uma situação de caixa ruim. A empresa gastou milhões para se preparar para a entrega. Além disso, nos últimos três anos a Embraer deixou de fazer investimentos, e isso é um risco para uma empresa de tecnologia”, afirmou Herbert.

O ex-presidente do Sindicato Toninho Ferreira, que também apresentou o ato, completou: “A Embraer tem a capacidade de construir todo o ciclo do avião. E é isso que querem tirar. Não podemos voltar ao início do século passado. Está nas mãos da classe trabalhadora impedir isso. Esperamos que com essa campanha a gente consiga conquistar a consciência da população brasileira”.

Para dar pluralidade ao ato, o Sindicato convidou representantes de diferentes centrais sindicais e partidos para se manifestarem. Pelas centrais participaram CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, CTB e Intersindical.

Pelos partidos políticos, participaram o senador Paulo Paim (PT), a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, os deputados federais Orlando Silva (PCdoB) e Sâmia Bomfim (PSOL), o vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, o secretário geral do PCB, Edmilson Costa, e a ex-candidata à Presidência pelo PSTU, Vera Lúcia.

Projeto de lei
O deputado federal Orlando Silva tem um papel relevante na campanha pela reestatização da Embraer. Ele apresentou um projeto de lei para devolvê-la ao estado. O texto foi produzido por uma equipe do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.  

“Os governos de traição nacional de Michel Temer e Jair Bolsonaro tentaram liquidar a empresa e vender a preço vil. Deu errado a compra pela Boeing.  Agora, o que fazer? É hora de reestatizá-la. Por isso, apresentei um projeto de lei na câmara dos deputados e tenho buscado vários deputados para serem coautores, de modo que possamos devolver ao povo brasileiro um de seus maiores patrimônios”, afirmou Orlando.

Para conseguir a aprovação pelo Congresso Nacional, será de grande importância o envolvimento da população e de diferentes setores da sociedade na campanha pela reestatização. Sem pressão, dificilmente haverá aprovação.

Como peça essencial dessa campanha, o Sindicato produziu um manifesto. Pelo menos 150 entidades e lideranças já assinaram. O documento pode ser acessado aqui e ainda está aberto a adesões.

Outras participações no ato

“Também estamos lutando pela nacionalização da Alitalia, porque essa é a única solução para defender o emprego e um setor estratégico para os interesses sociais e econômicas da comunidade”. Daniele Cofani, sindicalista da central sindical italiana CUB e mecânico de aeronaves da Alitalia

"Nós, do MML, somos a favor da reestatização imediata da Embraer. Não apenas porque essa medida vai garantir empregos de centenas de trabalhadores e trabalhadoras, mas também porque essa é uma empresa de tecnologia avançada, histórica no nosso país, que pode favorecer o desenvolvimento da economia e soberania nacional. Estamos vivenciando nessa pandemia o risco que é depender da tecnologia de outros países”. Marcela Azevedo, membro do Movimento Mulheres em Luta

“A Embraer é patrimônio nosso, e para que esse patrimônio seja preservado e possa dar frutos tem que ser reincorporado ao estado brasileiro. Só o estado tem a capacidade de realmente manter a integridade da Embraer, num mundo muito difícil, de grande competição, em que os estados interferem de uma forma ou de outra nas grandes companhias”. Celso Amorim, ex-ministro de relações exteriores.

“A Embraer é resultado de décadas de investimentos de toda a sociedade brasileira. Foi com recursos oriundos de impostos de cada um de nós e do suor de gerações de trabalhadores que foi possível realizar o sonho de uma indústria de aeronaves aqui em nosso país. É inadmissível imaginar que a Embraer possa deixar de existir por conta do jogo das grandes corporações globais do setor". Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese

“Essa suposta crise pela qual passa a Embraer não tem nada a ver com seu desempenho. A empresa tem patrimônio líquido muito superior ao de suas concorrentes, como Airbus, Boeing, Bombardier; tem uma taxa de lucro superior a do mercado.  Não é só montadora de aeronaves; ela constrói grande parte de seus componentes, com tecnologia própria. (...) Mas a Embraer fica absolutamente vulnerável se compete num cenário em que os países reconhecem suas respectivas empresas como sendo  estratégias para esses respectivos países, e o Brasil não a reconhece como estratégica. Por isso os maiores interessados hoje na defesa da Embraer, na reestatização, são os trabalhadores brasileiros". Gustavo Machado, pesquisador do Ilaese

“A constante desnacionalização da empresa levada a cabo por diversos governo e a venda criminosa e irresponsável para a Boeing, apoiada pelo prefeito da cidade e realizada com o aval dos governos Temer e Bolsonaro, felizmente foi desfeita. Mas essa situação levou a Embraer a uma perda financeira e agora quer descarregar nas costas dos trabalhadores o preço dessa crise, através de demissões e redução de direitos. A reestatização sob controle dos trabalhadores é uma necessidade. Os grandes acionistas da empresa têm suas ações nos Estados Unidos e não estão preocupados com a soberania nacional. Ao contrário, ao entregar o patrimônio para a Boeing, demonstraram sua ganância. Os trabalhadores são capazes de administrar a empresa. Luiz Carlos Prates, o Mancha, membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas

“Muitas pesquisas e estudos de institutos renomados apontam que a necessidade da reestatização da Embraer é importante. Há inclusive um projeto do senador Jaques Vagner que vai nesse sentido.  Nós sabemos da sua importância e não é por menos.  A Embraer é responsável direta por 5% de todo esforço tecnológico brasileiro, uma das líderes mundiais nesse setor. Emprega 16 mil trabalhadores e fabrica até 110 aeronaves por ano. (...) O suporte público é necessário. Trabalhadores e trabalhadoras, podem contar com meu total apoio nesse pleito. Somente com a unidade de todos nós será possível avançarmos e termos a vitória que todos esperam." Paulo Paim, senador (PT)

“Modernamente, outro nome de soberania nacional é ciência e tecnologia. Nosso país tem sido destruído nesse esforço. O único setor  onde nós temos sofisticação e superávit na balança de pagamentos em tecnologia sofisticada é no setor aeroespacial por causa da nossa Embraer. Os canalhas que dirigem o Brasil quiseram entregar para a Boeing . Nós temos lutado muito e agora também, por sorte, nossa Embraer nos foi devolvida. Trata-se agora de nos organizarmos para que nunca mais o Brasil perca esse tesouro, uma visão estratégica que comprometa o estado nacional brasileiro em manter a Embraer nacional e, se necessário, pertencente ao conjunto do povo brasileiro." Ciro Gomes, vice-presidente do PDT

“A Embraer é a maior empresa de alta tecnologia do país e a terceira maior exportadora. Não à toa, fechou o ano de 2019 com mais de 11 bilhões de reais em caixa, mas mesmo assim, nesse contexto, os diretores e acionistas da empresa têm programas e processos de demissão, muitas vezes demissão em massa, prejudicando muito a vida dos trabalhadores e de suas famílias. E mais recentemente, justamente por essa lógica de submissão completa ao capital estrangeiro, tentou-se um processo de venda da Embraer para a Boeing. O fato é que existe uma insegurança muito grande para a vida desses trabalhadores e, mais do que isso, para toda riqueza e produção que ela gera para o povo brasileiro.” Sâmia Bomfim, deputada federal (PSOL)

“Está mais do que comprovado o quanto é importante a retomada da luta pela Embraer 100% estatal, mas não basta que seja estatal. É preciso que seja controlada pelo conjunto dos trabalhadores que nela trabalham, que produzem essa grande riqueza, que controlam e sabem da importância estratégica para esse país. Mais do que isso, não é apenas uma luta do Sindicato dos Metalúrgicos. É uma luta de todo brasileiro, de toda brasileira que defende uma Embraer 100% estatal controlada pelos trabalhadores. É uma luta de todos nós.” Vera Lúcia, ex-candidata à presidência pelo PSTU

 


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