Em lançamento de livro, juízes debatem sobre os limites do direito trabalhista
Evento organizado pelo Sindicato, na quarta-feira (17), reuniu juízes do Trabalho
O direito trabalhista e suas consequências na luta da classe trabalhadora foram os temas do debate realizado pelo Sindicato nesta quarta-feira (17). A discussão marcou o lançamento do livro “A legalização da classe trabalhadora”, do renomado jurista francês Bernard Edelman, e reuniu três dos principais estudiosos do tema no país.
Os juízes do Trabalho Marcus Orione e Jorge Luiz Souto Maior e o advogado e doutor em Direitos Humanos Pablo Biondi explicaram as principais questões abordadas pelo livro, como o papel do direito na fundamentação do sistema capitalista, a fragilidade dos trabalhadores perante a lei e os mecanismos legais que impedem a luta efetiva.
Herdeiro da tradição de juristas marxistas, Edelman vivenciou intensamente o período de revoltas populares na França, que ficou conhecido como Maio de 68, o que influenciou fortemente sua obra.
Para o advogado Pablo Biondi, Edelman se utilizou do exemplo da luta francesa para chamar atenção para as desigualdades existentes no direito entre patrões e trabalhadores. “Capitalista e trabalhador têm uma relação de contrato com uma suposta igualdade que oculta a extração da mais valia. Com isso o direito legitima a exploração”, explicou.
Fragilidade perante as leis
Dando continuidade ao debate, o juiz Marcus Orione denunciou a frágil situação do trabalhador nas negociações. “Negociar demissões coletivas por si só já é uma situação absurda. O ideal é ter condições de estabilidade para todos, não os trabalhadores arcarem com os prejuízos”.
Para Orione, os advogados trabalhistas são sempre jogados à condição de negociadores. Entretanto, esta negociação nunca ocorre em condições de igualdade, já que o sistema jurídico capitalista os impõe uma série de limites. Desta forma, o próprio advogado já está comprometido com as regras do jogo.
Diante destas limitações, Souto Maior evidenciou a importância da obra de Edelman no questionamento sobre a verdadeira eficácia do direito. “Muita coisa evoluiu na Justiça. No entanto, ainda convivemos com trabalhadores em condição de escravidão. É necessário que os trabalhadores questionem se vale a pena se manter conciliado com uma classe (burguesia) que nega direitos mínimos”.
A superação dessa fragilidade, segundo Souto Maior, só poderá ser obtida através da mobilização dos trabalhadores. “Quem tem o destino nas mãos para reescrever a história é a classe trabalhadora, não os juristas. Ela deve estabelecer suas demandas e escolher o caminho a se tomar”.
Espaço de debate
Ao final das explanações, os participantes puderam se manifestar com perguntas aos juristas. Diretores e ativistas do Sindicato também falaram sobre os desafios enfrentados pelos metalúrgicos no campo jurídico e denunciaram os problemas encontrados nas fábricas da região.
“Este é o objetivo do Sindicato. Promover um espaço para o debate e a disseminação de ideias sobre a luta de classes. Para nós ficou claro que, para acabar de vez com a exploração é necessário acabar com o capitalismo e as ideologias que o mantém”, afirmou o vice-presidente licenciado do Sindicato, Herbert Claros.
Sindicato debate situação dos trabalhadores de montadoras no Brasil e Estados Unidos
Encontro aconteceu dois dias antes da Conferência Labor Notes
Família de trabalhador falecido denuncia descaso da Sonaca e do plano de saúde
Sobrinha de Adilson Alves de Carvalho falou aos metalúrgicos em greve nesta quarta (17) e quinta-feira (18)
Metalúrgicos da Sonaca entram no terceiro dia de greve
Sindicato orienta trabalhadores a ficar em casa até que a empresa negocie
Greve dos trabalhadores da Sonaca entra no segundo dia
Metalúrgicos reivindicam melhoras no plano de saúde
Metalúrgicos da Sonaca entram em greve contra mudança no plano de saúde
Paralisação é por tempo indeterminado
Metalúrgicos da Prolind aprovam estado de greve por PLR maior
Proposta da empresa foi rejeitada em assembleias, na sexta (12)
Preço do arroz e feijão dispara no Vale do Paraíba
Sindicato organiza luta pela implementação do vale-alimentação nas fábricas
Sindicato apresenta vantagens de ser sócio aos trabalhadores da BoreAL
Diretores da entidade estiveram na fábrica nesta quarta-feira (10)
Trabalhadores da Embraer têm valores a receber
Cerca de 150 metalúrgicos foram adicionados à lista de beneficiados; veja a lista