Deputado do PSL destrói quadro que denuncia genocídio negro

À véspera do Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quarta-feira (20), uma cena lamentável de racismo ocorreu nos corredores do Congresso Nacional. O policial militar e deputado Coronel Tadeu (PSL) destruiu um quadro que denunciava o genocídio da juventude negra no país. 

De autoria do cartunista Carlos Latuff, o desenho fazia parte de uma exposição de diferentes artistas em homenagem ao 20 de Novembro. O episódio evidenciou um traço do Brasil atual: mesmo 130 anos após o fim da escravidão no país, negros e negras ainda são os que mais sofrem com a violência. 

Em seu Twitter, Latuff escreveu: “Essa agressão de um policial militar, que por acaso também é um parlamentar, contra uma charge exposta no Congresso Nacional e que denuncia a violência policial, nos leva à seguinte reflexão: Se fazem isso contra um cartaz, imagine contra gente de carne, osso e pele negra!”

Segundo o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra tem quase três vezes mais chances de ser vítima de assassinato se comparada aos brancos.  Estima-se que a cada 12 minutos uma pessoa negra é morta no Brasil.

Essa violência também parte da própria Polícia Militar, que deveria ser responsável pela segurança de todos. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que dos 6 mil casos de mortes envolvendo ações da PM, 76% das vítimas eram negras. 

A violência policial contra a população negra e pobre está escancarada no Rio de Janeiro, onde o governador Wilson Witzel (PSC) fecha os olhos para os assassinatos cometidos por policiais. Desde o começo do ano, seis crianças já foram mortas em decorrência de ações da PM nas comunidades. Todas eram negras.

A atitude violenta do Coronel Tadeu aconteceu no mesmo dia em que a Polícia Civil carioca divulgou o inquérito sobre a morte de Ágatha Félix, de apenas 8 anos, assassinada em setembro no Complexo do Alemão. Segundo o laudo, o tiro que matou Ágatha partiu de um fuzil da PM. 

Discurso racista
Também do PSL, o deputado Daniel Silveira, o mesmo que quebrou a placa que homenageava Marielle Franco no ano passado, protagonizou um discurso desprezível na Câmara dos Deputados, na terça-feira (19). 

Ao tentar defender o colega Coronel Tadeu, ele afirmou: “É evidente que mais negros morrem. Há mais negros com arma, mais negros cometendo crime, mais negros confrontando a polícia“.  Um discurso abertamente preconceituoso e que tenta reforçar a imagem de que negros são criminosos.

“Racismo é crime. Infelizmente, cenas como essas são comuns no Brasil e, por isso mesmo, o Dia da Consciência Negra deve ser marcado pela luta. Que os negros e negras desse país tomem as ruas contra o racismo”, afirma o diretor Cleber Jacinto da Luz, o Guelo.

Quadro destruido pelo deputado Coronel Tadeu